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Artesanato Brasil com Design

Maria Helena Estrada / Fotos Rodrigo Montenegro


Um projeto da Caixa Econômica Federal levou os designers Ângela Carvalho e Lars Diederichsen a conhecer o Brasil, ou melhor, esse Brasil do Norte, Nordeste e Centro- Oeste que ainda se acredita ser o mais rico em tradições culturais e em expressões artesanais. O resultado é uma bela coleção na qual permanece a mão artesanal e, ao mesmo tempo, se percebe a sensibilidade do designer.


Artesanato de raiz; artesanato para turistas; produtos urbanos construídos de modo artesanal? Qual seria o caminho de valorização desse fazer que encontramos por todo o Brasil? Radicalizar com o trabalho de designers capazes de realizar uma transposição de linguagem trazendo – por meio de um novo projeto – o objeto puramente artesanal ao universo do design?
No projeto Artesanato Brasil com Design, Ângela Carvalho e Lars Diederichsen passeiam entre essas diversas vertentes e, a verdade é que, qualquer que seja a linguagem, a dupla artesanato/design entrou na moda. Pergunta-se: o que é válido e mais interessante?
Melhorar um pouquinho a qualidade do produto final, dando condição de vida também um pouco melhor ao artesão? Ou “desgrudar” o novo objeto de sua raiz original, trazendo-o para um universo contemporâneo ao introduzir um vocabulário atual?
Na entrevista com Ângela Carvalho sobre seu novo projeto Artesanato Com Design, muitas dessas questões são respondidas.


ARC DESIGN – Como surgiu a idéia do projeto?
ÂNGELA CARVALHO – Surgiu da necessidade da Caixa Econômica Federal que buscava alternativas para o universo dos brindes. A partir de conversas com Lars Diederichsen, com comunidades artesãs e com a área de marketing da Caixa, surgiu um formato cujo objetivo foi transformar o brinde numa oportunidade de divulgar a missão e o compromisso da Caixa com ações sociais e preservação da cultura. Nossa proposta foi unir o moderno e o tradicional, o conhecimento dos designers à arte do artesão na criação de uma coleção exclusiva que unisse valor estético e cultural e agregasse conteúdo social e emocional.

AD – Como foram definidos as regiões a serem visitadas, os
núcleos onde atuar e os materiais?

AC – Foram estabelecidas algumas prioridades. Geográfica: comunidades urbanas ou rurais das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste; Incentivo à Geração de Renda: artesanato como base do seu sustento ou que dele dependam para maior inserção social e econômica; Valor Cultural: trabalho artesanal que contenha originalidade, que espelhe a cultura brasileira e comunique nossas raízes; Segmentos sociais: grupos sociais específicos que estejam conquistando por meio do trabalho artesanal a sua cidadania; Organização: capacidade mínima de organização e de compromisso do grupo de artesãos; Capacidade de Produção:em relação ao prazo estabelecido para o projeto (tivemos menos de quatro meses para cumprir todas as etapas do projeto); Qualidade: aspectos estéticos, de trabalho manual e de acabamento do produto final. Como parâmetro complementar, foi avaliada a adequação ao tema escolhido para a coleção: Gente, Bichos, Flores e Frutos do Brasil. Na pesquisa de campo visitamos 8 Estados,15 cidades e 25 comunidades.


AD – Quais as principais diferenças quanto ao desenvolvimento, ou seja, o amadurecimento, a qualidade e a modalidade da produção que vocês encontraram, em cada região? Quais os materiais escolhidos?
AC – Trabalhamos com todos os tipos de materiais e técnicas. Cada região ou grupo é diversa. A beleza do artesanato está exatamente na maneira peculiar e incomparável como cada artesão trabalha.

AD – Onde vocês interferiram com o olhar e a mão do designer e onde deixaram o artesanato se expressar no próprio estágio em que se encontra? Por exemplo, nas jóias e nos quadros de cerâmica, respectivamente.
AC – Tivemos dois tipos de atuação: a definição do objeto, ou seja, casos como a cerâmica figurativa de Alto do Moura, entre outros, onde escolhemos o objeto (o olhar do designer) e criamos um cenário capaz de valorizar a obra desses.
E também a criação conjunta, como no porta-jóias e no broche de capim dourado, onde nossa interferência foi maior. Buscamos inserir os conceitos de design, agregando valor ao produto.

AD – Quais os canais, pensados ou já criados, para escoar essa produção?
AC – Um canal seria o dos pontos-de-venda de museus e fundações culturais nos diferentes Estados. A Caixa está desenvolvendo uma exposição itinerante que também será mostrada nas embaixadas no exterior. As embalagens e toda a programação visual criada para a coleção por André de Castro valorizaram e deram a identidade ao projeto.

AD – E este terá continuidade? Cobrirá as mesmas áreas geográficas ou avançará por todo o Brasil?
AC – Já estamos pensando na próxima etapa que deverá cobrir outras regiões do Brasil.

Para conhecer os objetos deste projeto acesse: www.neoartesanatourbanoobjetos.blogspot.com

Revista ArcDesign.